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Cena extra: Barney e Michelle

  • Foto do escritor: Stefany Nunes
    Stefany Nunes
  • 24 de jul.
  • 3 min de leitura

(Postada na Newsletter em 12/03/2024)


Kent, Inglaterra

Fim de maio de 1815


Ele mal conseguia respirar. 

Era realmente uma surpresa que Barney Waldorf, o sujeito honrado que nascera para servir, estivesse tão combalido naquele momento de despedida. Mas como não ficaria, considerando o que a mulher em sua frente significava? 

Amor puro e verdadeiro. Um amor que valera por uma vida inteira, ainda que em tão pouco tempo.

— Eu preciso que me escute. — Ele entregou a ela um envelope lacrado. — Você tem a licença de casamento, mas eu fui além. Aqui está a carta que deve entregar ao meu pai caso eu não consiga retornar. 

Michelle Waldorf, sua esposa há um mês, piscou os olhos escuros e úmidos e encarou os papeis sem aceitá-los. 

— O que ela diz? — A voz soou baixa e chorosa.

— É uma despedida apropriada ao meu pai. Se eu não voltar, minha família proverá tudo que você e nosso filho precisarão. Tudo, Michelle. Vocês estarão seguros, eu garanto. 

Ela fungou, negando. 

— Não quero perdê-lo, Barney…

— Eu sei, mas precisamos pensar em tudo. Precisamos... — A voz dele embargou. 

Como sempre, Michelle entendeu o que ele estava sentindo. A história de amor dos dois durara poucas semanas, com a intensidade de uma vida inteira. Ela, uma viúva independente. Ele, um soldado determinado a lutar. Um encantamento que foi amor à primeira vista, um consolo no meio do caos. Uma surpresa, um verdadeiro presente para um homem que nem mesmo sabia se merecia tal dádiva.  

Um que mudara sua vida para sempre, especialmente quando Michelle se deu conta de que poderia estar esperando um filho dele.

— Barney, olhe para mim. — Ela tocou em seu rosto. — Sou eu, seja honesto. Diga-me o que está sentindo.

Ele cerrou a mandíbula, buscando forças para falar. 

— Quero prometer retornar, mas não posso, porque não sei qual é o meu destino. Não posso mentir para você, amor. 

Ela não pareceu surpresa. Claro que não. Eles eram honestos um com o outro, sempre foram.

Assim como Barney, ela também sabia o que poderia acontecer agora que ele partiria para o combate. 

— Não me prometa voltar, então. Prometa... que vai tentar. 

— Tentarei com todas as forças dentro de mim, Michelle. Darei meu sangue para abraçá-la de novo. Mas se isso não acontecer, se eu não…

— Ficaremos bem. — Ela se esforçou para sorrir. — Sei que precisa partir em paz, que precisa ouvir-me dizer: se houver um bebê e você n… — o queixo dela tremer. Michelle não conseguiu terminar a frase. — Ficaremos bem, meu amor. 

Barney tomou o rosto dela com as mãos e admirou mais uma vez a beleza de sua esposa. As sobrancelhas que pareciam desenhadas pelo mais habilidoso artista, os olhos brilhantes e profundos que costumavam lhe tirar o ar. Os lábios que ele ansiava por beijar a cada instante, o calor que sentia ao tocá-la. 

Linda. Era quase impossível dizer adeus. 

— Vou tentar — ele afirmou, quase sussurrando. — Tentarei voltar para os seus braços. 

— Eu estarei esperando. E, caso as coisas não saiam como desejamos, farei o que me pediu. Usarei a carta, procurarei sua família. Meu pai também estará pronto para me ajudar, se for preciso.

— Nada vai faltar a vocês. Você é a minha esposa. É uma Waldorf agora. A mulher de minha vida.

— Eu sei. 

— Eu amo você. Se houver um filho ou filha…

— É fruto do nosso amor. Eu sei, e Logan ou Lily saberão também.

— Logan? — Barney piscou, emocionado.

— É o nome que você quer, não é?

Sim, era. Mencionara isso no momento em que soube que as regras dela atrasaram. Conversaram a respeito e Barney comentou que o nome Logan sempre lhe soou belo. Michelle  escolheu Lily caso fosse uma menina, por ser sua flor favorita.

— Logan ou Lily. É perfeito…

Michelle assentiu e finalmente puxou-o para um abraço, mergulhando o rosto em seu peito. 

— Perdoe-me, querida — ele murmurou nos cachos perfumados. — Por favor, perdoe-me.

— Eu não me arrependo de nada, Barney. Se esse é o nosso destino, se não formos agraciados com mais, eu não me arrependo. — Ela levantou o rosto e uma lágrima solitária escorreu no rosto lindo. — Cada segundo com você valeu a pena. 

Barney colou suas testas, com o peito comprimido.

— Seu amor me completa — ele sussurrou, fechando os olhos.

Era terrível, cortante e desolador dizer adeus.

No entanto, ela estava certa.

Independentemente do aconteceria, do que seria dele e de seu destino, tinha mesmo valido a pena. 

 
 
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