Phillip
— Querida, primos não se beijam na boca, certo?
Magnolia se aproxima de mim na varanda de nosso quarto. A mão delicada toca na base de minhas costas.
— Como?
Aponto com um gesto de cabeça para o jardim, onde Bart e a Srta. Melissa se agarram como se o mundo fosse acabar em uma hora.
— Aqueles dois não são primos, certo?
Minha esposa encara o casal e solta uma risadinha.
— É… não. Perdoe-me, querido, mas Bartholomew enganou você duas vezes.
Eu suspiro, sem saber o que pensar.
— Não sei o que está acontecendo com esse garoto. Por que está mentindo tanto para nós? Ele tem liberdade de falar a verdade. Se precisa de ajuda, é só dizer. Daremos um jeito, não importa a situação.
— Phillip, já fomos jovens um dia. Melissa é adorável, mas não a conhecemos, não sabemos que tipo de problemas esses dois estão enfrentando.
— Eu sei, mas…
— Seu filho não fez o mesmo, ao dizer que visitaria Primrose, sendo que tinha planejado fugir com ela para Gretna Green?
Argh, nem me lembre de tal detalhe. Dei algumas dores de cabeça para meu pai em minha época, mas Phillip Wallace é terrível, tudo para viver o entusiasmo da aventura. Sem contar no trabalho que tive em acalmar Keith Maclogan, o sogro, após a decisão do casal apaixonado. Sinto dores de cabeça somente ao lembrar.
— Sabe, Mag, às vezes ser um homem que soluciona problemas me cansa demasiadamente. Estou velho para essas coisas.
— Não está, mas eu o entendo. — Ela volta a olhar para Bart e Melissa na grama.
Eles pararam de se beijar agora, estão apenas olhando um para o outro e rindo.
Eu sei bem o que esses olhares significam.
— Se quer ajudar o jovem Bart, converse com ele. Sem pressão, seja sincero, pergunte se ele está precisando de ajuda.
— Ele vai mentir de novo.
— Você não sabe, Phillip. — Minha esposa para em minha frente e acaricia meu peito sobre o tecido da camisa. — Só vai saber se perguntar. Você é bom nisso, em entender os dilemas alheios.
Certo, fica um pouco difícil me concentrar em dilemas alheios com Magnolia sorrindo desse jeito para mim.
— A senhora, Lady Spencer, é uma mulher muito sábia.
Eu a puxo pela cintura.
— Ah, sim? E pensar que eu costumava parecer uma coelhinha assustada, uma vida atrás.
Esfrego nossos narizes e a beijo suavemente.
— E vivemos uma vida muito feliz depois disso. Continuamos vivendo… a senhora merece ser recompensada.
Os olhos cor de mel brilham e ela morde o lábio inferior.
— Devo distraí-lo de seus dilemas, Lorde Spencer? — Ela alcança minha mão e me puxa para dentro do quarto.
Dilemas? Pelo resto da noite, nem mesmo me lembro que eles existem.
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